quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Eu sei, mas não devia.

eu sei que a gente se acostuma, mas não devia...
a gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não sejam as janelas ao redor. e, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. e, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir todas as cortinas. e, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. e, a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar... a gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. a sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. a ser ignorado quando precisava tanto ser visto. a gente se acostuma para poupar a vida. que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Tsc...

eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém. assim, sem precisar procurar no meio da multidão. alguém que me levasse ao cinema e, depois de um filme sem graça, me roubasse gargalhadas. alguém que segurasse minha mão e tocasse meu coração. que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse. alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse. que me dissesse que eu canto mal e que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada. alguém que me olhasse nos olhos quando fala, sem me deixar intimidada. alguém com qualidades e defeitos suportáveis. que não fosse tão bonito e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção. alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo. eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém imperfeito. feito para mim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Porque você desvia o olhar?

(porque eu tenho medo de altura. tenho medo de cair para dentro de você. há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. mas, hoje, não encontraram pedra. encontraram flor. eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.)
— ah. porque eu sou tímida.

­ ­

- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora.
- Eu?
- Eu.

domingo, 12 de outubro de 2008

metamorfose ambulante.

você muda de idéia como uma garota muda de roupas, o seu curriculo é como o de uma vadia. você sempre pensa mas só ás vezes fala... e misteriosamente. eu deveria saber que você não é bom pra mim.
você é quente e logo esfria, você quer e depois não quer, você tá dentro e depois tá fora, você está feliz e depois está triste, você está errado quando está certo, é preto e é branco; você não quer ir ficar mas também não quer ficar. nós eramos pra ser como gêmeos, bem unidos, com a mesma energia mas a bateria acabou. costumávamos rir sobre nada, agora você está entediante. eu deveria saber que você iria mudar. alguém chame um médico pra um caso de amor bipolar que parece uma montanha russa e que eu não consigo descer!